quarta-feira, 18 de julho de 2012

DE OLHO NA GEOGRAFIA


A importância da geografia


A consciência dessa geografia produzida, individual e genericamente, provoca alterações na prática social cotidiana. O distanciamento das ações cotidianas […] para refletir sobre as coisas manipuladas cotidianamente, é uma pratica cotidiana necessária quando se quer elevar as ações ao nível do humano genérico, quando se quer dar um sentido social a essas ações. (CAVALCANTI, 1998, p. 123).

Para que cada sujeito possa entender o que acontece na vida cotidiana, é fundamental que ele consiga abstrair daquilo que é o dia a dia de sua vida, das questões que acontecem no lugar em que ele vive. E, desta forma refletir se distanciando das ações corriqueiras para perceber que os acontecimentos não são simplesmente do acaso, mas que o mundo é construído socialmente, cada um realizando a sua parte – fazendo algo ou não fazendo nada. Só assim é possível compreender as coisas historicamente situadas e construídas no cotidiano da vida. De outra forma, aparecem como mágicas ou naturais tanto as coisas negativas como as positivas. A abstração permite refletir sobre o cotidiano e, com a oportunidade de ver de longe, de forma distanciada, as coisas que acontecem assumem novas feições. Quer dizer, apresentam-se em sua complexidade. As pessoas vão construindo seus espaços enquanto constroem suas vidas, suas histórias, e isso precisa ser compreendido. Neste sentido, a geografia pode contribuir para facilitar a compreensão do mundo em que o aluno vive, pois:

É uma prática social que ocorre na história cotidiana dos homens. Há uma geografia das coisas e da vida cotidianas. Essa geografia pode ser pensada ou conhecida no plano cotidiano e no do não-cotidiano, sendo que cada tipo de conhecimentos tem suas características próprias. (CAVALCANTI, 1998, p. 122).
É, portanto, um grande desafio ter as ferramentas intelectuais para se apropriar e teorizar a partir das rotinas do dia a dia. À escola, como instituição de educação formal, cabe ter o aparato metodológico para exercitar o olhar, a observação, a constatação, enfim, do que acontece no cotidiano e, assim, colocar tudo isso num contexto mais amplo que permita a superação da dimensão individual e a construção do entendimento social, colocando as questões no plano da humanidade. A citação a seguir pode explicitar mais ainda este entendimento.

Busca-se, assim, transformar os limites das experiências espaciais cotidianas e individuais em potencialidades para
o desenvolvimento do pensamento abstrato, conceitual, crítico, indispensável para desmontar, por exemplo, uma falsa
representação da realidade, ou representações superficiais ingênuas. (CAVALCANTI, 2008, p. 144).

Lugar é onde vivemos, moramos, trabalhamos, enfim, onde acontece nossa vida. Ler o mundo da vida, ler o espaço e compreender  que as paisagens que podemos ver são o resultado da vida em sociedade,
dos homens na busca pela sobrevivência e pela satisfação de suas necessidades, significa “estudar o lugar para compreender o mundo” (CALLAI, 2002).
O que acontece num determinado lugar não é resultado apenas de decisões internas, portanto associadas ao voluntarismo dos atores locais. Da mesma forma, não é apenas por decisões externas que
vêm de cima para baixo, submetendo a todos, sem a possibilidade de contestação ou de interferência desses mesmos atores locais, sujeitos que ali vivem.
A pesquisa como procedimento para conhecer o lugar pode ser uma forma de trabalhar com o mundo da vida. Para tanto, podem se levantar as seguintes questões: Como ler a realidade? O que e
como ler? Como conhecer o que está no lugar? Como entender as paisagens que ali se configuram? Como observar e reconhecer nossas histórias no espaço? Como reconhecer nos lugares os resultados
materializados de nossas vivências?
Portanto, trabalhar com uma dimensão escalar torna-se uma exigência, capaz de superar a interpretação localista e fechada que impede o encontro de explicações para o que vai acontecendo.  E a
escala social de análise precisa estar clara e referenciar todo e qualquer estudo, pois além do global/mundial e do local, temos também níveis intermediários que são o regional e o nacional. E o universal está presente em todos esses recortes, que são espaciais, mas também políticos, administrativos, culturais e sociais. Cada lugar está inserido numa rede que comporta essa escala de análise e, por isso, a articulação dos fatos, fenômenos e forças reais e/ou virtuais tem de ser reconhecida e considerada em seu contexto.
Talvez seja importante deixar claro o que se entende por escala social de análise.
Refletir sobre escola, cotidiano e lugar nos reporta a pensar no mundo da vida e na criança inserida nele e a escola passa a dar as ferramentas para que ela o interprete. Ler o mundo da vida, ler o espaço e compreender que as paisagens que podemos ver são resultado da vida em sociedade, dos homens na busca pela sobrevivência e pela satisfação de suas necessidades, poderia ser o ponto de partida para se definir a presença da geografia nos anos iniciais do ensino fundamental.
Neste sentido, cotidiano e lugar passam a ser conceitos importantes na aprendizagem escolar. E a referência teórica (da geografia) considera o espaço socialmente construído pelo trabalho e pelas formas de vida dos homens. Avançando, é importante a ideia que considera que a aprendizagem é social e acontece na interlocução dos sujeitos, estejam eles presentes fisicamente, ocupando um espaço próximo, estejam distantes, com contatos virtuais.                   
É preciso conhecer este lugar e, para isso, há que se considerar que cada sujeito vai trabalhar com seu cotidiano; ali ele “conhece tudo”, sabe o que existe e o que falta, como são as pessoas, como estão organizadas as atividades, como é o lugar, enfim. Este é um saber do senso comum, aquele que faz parte da rotina diária de vivência (sabe-se de ver, de ouvir, de contar etc.). Exatamente neste ponto reside o aspecto fundamental deste tipo de trabalho – como trabalhar o lugar, sem considerá-lo o “único”, sem pensar que as explicações estão todas ali e sem cair no risco de isolá-lo no espaço e no tempo.
          


Pelas ondas do saber



Conhecer, agir e transformar o ambiente.
Marsílvio Gonçalves Pereira*

Há um descuido e um descaso na salvaguarda de nossa casa comum, o planeta terra. Solos são envenenados, ares são contaminados, águas são poluídas, florestas são dizimadas, espécies de seres vivos são exterminadas; um manto de injustiça e de violência pesa sobre dois terços da humanidade. Um princípio de autodestruição está em ação, capaz de liquidar o sutil equilíbrio físico-químico e ecológico do planeta e devastar a biosfera, pondo assim em risco a continuidade do experimento da espécie Homo sapiens e demens. (Boff, 1999, p. 20).

Um tema interessante a ser trabalhado é a poluição do ar. O professor deve levar o aluno ao desenvolvimento de habilidades cognitivas, psicomotoras e afetivas, como, por exemplo, sugerir que os alunos identifiquem as fontes poluidoras de ar no ambiente em que vivem. Para motivar seus alunos à participação na atividade, o professor pode sugerir deles que ouçam e cantem a música Xote Ecológico de Luiz Gonzaga.

Xote Ecológico
Luiz Gonzaga
Não posso respirar, não posso mais nadar.
A terra tá morrendo, não dá mais
pra plantar.
Se planta não nasce se nasce não dá.
Até pinga da boa é difícil de encontrar.
Cadê a flor que estava ali?
Poluição comeu.
E o peixe que é do mar?
Poluição comeu.
E o verde onde que está?
Poluição comeu.
Nem o Chico Mendes sobreviveu.
A terra tá morrendo, não dá mais
pra plantar.
Se planta não nasce se nasce não dá.
Até pinga da boa é difícil de encontrar.
Cadê a flor que estava ali?
Poluição comeu.
E o peixe que é do mar?
Poluição comeu.
E o verde onde que está?
Poluição comeu.
Nem o Chico Mendes sobreviveu.


A partir desta canção, uma situação-problema pode ser apresentada aos alunos: o ar que nos rodeia exerce funções importantíssimas na manutenção da vida na terra. Os seres vivos utilizam os gases componentes do ar para diferentes finalidades, dentre elas, a respiração. No entanto, o homem tem lançado, na atmosfera, resíduos ou outros materiais provenientes do processo de fabricação ou usados em suas atividades, que alteram a qualidade do ar, tornando-o prejudicial ao próprio homem, a outros animais ou a qualquer ser vivo. A atividade aqui proposta vai tratar exatamente dessa temática, ou seja, da poluição do ar. É interessante iniciar investigando sobre o conhecimento espontâneo que a criança tem em relação ao tema em estudo, e daí realizar as aproximações necessárias destas com o conhecimento científico específico. Isto pode ser feito através de exercícios de pintura/desenho, exercícios escritos, leituras dinâmicas, dentre vários recursos metodológicos.
A própria discussão a partir da problemática que a música oferece é uma oportunidade de identificar as formas de pensar dos alunos. O professor pode agora lançar um desafio aos alunos, propondo que eles pesquisem e desenvolvam algum experimento para identificar fontes e poluentes do ar que eles ou outras pessoas respiram.
Outra atividade interessante, envolvendo música e integrando Ciências com Língua Portuguesa, que pode ser desenvolvida com os alunos da 4a e 5a série, está relacionada ao assunto tipos de fontes de energia. O objetivo é oferecer uma oportunidade para o aluno desenvolver a habilidade de expressão oral e escrita, trabalhando um conteúdo da área ambiental.
Alguns materiais que devem ser providenciados para o desenvolvimento da atividade: pequeno texto sobre tipos de fontes energéticas e seu uso (pode ser encontrado no livro didático); recortes coloridos de revistas e jornais com ilustrações de tipos de fontes de energia; cartolina; pincéis multicoloridos; letra da música Luz do sol; CD com a gravação da música a ser trabalhada; toca-CD; giz, apagador e lousa.
O método aqui proposto é o MOF (mostrar, ouvir e falar). A metodologia deve ser desenvolvida em duas etapas.
Na primeira etapa, o professor organiza a turma em equipes de três ou quatro alunos e solicita a leitura oral do texto em cada equipe. Depois, pede que os alunos respondam a seguinte pergunta (apresentada na lousa): O que são fontes energéticas renováveis e não renováveis?
Após distribuir os recortes coloridos sobre o assunto entre as equipes, solicita aos alunos que classifiquem o material recebido quanto à representação do tipo de fonte energética e seu uso. Cada equipe deve organizar cartazes com a elaboração de frases ou de pequenos textos explicativos relacionados ao material que será apresentado, de modo a destacar o tipo de fonte energética que representa o material e a importância de seu uso pelo homem. Para
terminar esta primeira etapa, o professor organiza a apresentação dos cartazes por equipe (momento da externalização do saber – mostrar, ouvir e falar) e monta um quadro na lousa para fazer anotações e discutir com os alunos os resultados obtidos.
Na segunda etapa, o professor deve distribuir a cópia da música (ver logo abaixo), solicitar uma leitura oral, que escutem a música(momento do ouvir) e depois cantem com o CD. Então, apresenta aos alunos as seguintes perguntas: Qual a fonte ou quais as fontes de energia que você consegue identificar na música? O que você destacaria na
letra da música que tem relação com o assunto da aula e por quê?
Finalmente, o professor deve conduzir a discussão dos resultados com seus alunos. Para isso as respostas devem ser organizadas na lousa.

Luz do Sol - Caetano Veloso

Que a folha traga e traduz
Em verde novo
Em folha, em graça, em vida,
em força, em luz.
Céu azul que vem até
Onde os pés tocam na terra
E a terra inspira e exala seus azuis
Reza, reza o rio.
Córrego pro rio, o rio pro mar
Reza correnteza, roça a beira
doura a areia
Marcha o homem sobre o chão
Leva no coração uma ferida acesa
Dono do sim e do não
Diante da visão da infinita beleza
Finda por ferir com a mão essa delicadeza
Coisa mais querida, a glória da vida
Luz do Sol que a folha traga e traduz.
Em verde novo, em folha, em graça, em vida
Em força, em luz.

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